Parte dos alimentos que sobram no restaurante universitário da UFPE ganha um destino diferente na instituição. É no Laboratório de Resíduos Sólidos que o volume de gás metano gerado a partir do material orgânico é quantificado. A ideia, segundo os pesquisadores, é estimar a capacidade de geração de energia elétrica que pode ser produzida a partir do volume de biogás gerado. Só em três dias, 500 ml de metano foram contabilizados pelo laboratório.
Esse volume, se colocado num biorreator, é capaz de gerar 35 kWh/mês de potência instalada de energia elétrica, suficiente para abastecer 84 casas, desde que o consumo seja regular. O equipamento, doado pelo governo alemão à UFPE, simula a mesma célula experimental utilizada no aterro sanitário da Muribeca.
No laboratório, o material orgânico é processado por meio de um sistema automático e ao fim do experimento, um banco de dados é gerado automaticamente por um software. As informações ficam armazenadas em um computador.
A mestranda em engenharia civil Rebeca Valença, 23 anos, explicou que o biogás é uma forma de energia renovável e de queima limpa que substitui o GLP (gás de cozinha) e se colocado em motores geradores, também é combustível para geração de energia elétrica. “Além de impedir que o metano seja liberado à atmosfera, que é um gás de efeito estufa 21 vezes mais poluente que o gás carbônico”, salienta a pesquisadora.
O processo passa por quatro etapas. Antes, os alimentos são cuidadosamente selecionados. As sobras vêm do refeitório e da cozinha do restaurante universitário. “No refeitório coletamos o que sobra nos pratos. Feijão, macarrão, arroz, por exemplo. Já na cozinha, restos de cebola, alface, cascas de laranja. Daí, levamos ao laboratório para fazer a separação”, detalhou o técnico em química Leandro Silva, 26. Os resíduos são triturados e misturados a inócuos, como lodo industrial ou doméstico.