Buracos se acumulam no trecho metropolitano da BR-101, em PE

Buracos demais, sinalização precária, falta de conservação, engarrafamentos. Essas e outras reclamações foram ouvidas na rua, que percorreu 50 quilômetros no trecho da BR-101 que corta seis cidades da Região Metropolitana do Recife. A reportagem foi exibida nesta terça-feira (14).

De carro e também pelo ar, a reportagem foi de Igarassu a Jaboatão dos Guararapes e constatou que caminhões, ônibus, carros, motos e pedestres se misturam na pista. Em Abreu e Lima, o trânsito é uma loucura. “Trânsito, caminhão e buraco. É muito difícil, tá ruim mesmo”, diz o operador de caminhão Fabrício dos Santos.

As condições da pista são péssimas: há trechos de acostamento que deveriam ser usados em um momento de emergência mas os buracos são tão grandes que os espaços oferecem risco. No bairro de Paratibe, em Paulista, mais crateras se acumulam na estrada. Não é fácil desviar: gasto certo para os motoristas. “O prejuízo é grande, pneu, jante… Tudo vai embora”, lamenta o comerciante Jaílson Ribeiro.

A informação do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) é que 40 mil veículos por dia passam pela BR-101. São aproximadamente 4 mil veículos por hora nos horários de pico – desses, mil são caminhões.

A maioria das cargas é trazida do Sul e Sudeste do País. Parte dos carregamentos fica em Pernambuco, outra, segue em direção aos estados da Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. Com tanto congestionamento, uma coisa é certa: atraso na entrega. “Levo uma, duas, três horas para atravessar o Recife. É muito ruim”, queixa-se o motorista Gleidson Silva. “Costuma perder em torno de 20 a 30 minutos por viagem, no engarrafamento. E olha que é um percurso curto… Mas acontece todo dia”, relata Sandro Soares, também condutor, só que de transporte coletivo.

As cidades cresceram em torno da rodovia e muitos a usam como trajeto de ida e volta pra casa, escola ou trabalho. Há várias paradas de ônibus ao longo do trajeto, mas com um trânsito complicado como esse, quem desce dos ônibus às vezes precisa atravessar a pista e não encontra uma passarela. A manicure Aldecina Brito se arrisca todo dia para atravessar a estrada, na Vila dos Milagres, comunidade do bairro do Ibura, no Recife. “É esse aperreio, arriscando a vida. Deveria ter uma passarela, ou um sinal. Fora que tem as crianças, os idosos… Ontem um idoso quase caiu ali, na lama”, diz ela, apontando trecho sem calçamento na ilha entre os dois sentidos da rodovia.

Dados da Polícia Rodoviária Federal mostram que a realidade encontrada pela reportagem em alguns trechos da estrada tem causado mortes. No trecho da BR-101 que passa por Pernambuco, em 2014, foram registrados 3.027 acidentes; 98 pessoas foram atropeladas e 97 morreram. Este ano, só nos dois primeiros meses, foram 379 acidentes; 11 atropelamentos e 13 pessoas perderam a vida na pista.

Para os especialistas em trânsito, a BR-101 está no limite da capacidade e precisa urgentemente de melhorias. Além de um reforma completa na rodovia, não é recomendado que o tráfego pesado continue passando por ela. “Sem dúvida alguma, o Arco Metropolitana é uma questão q precisa ser levada adiante, porque à medida que a cidade se expandiu, a rodovia tornou-se uma via praticamente urbana. Pelo menos o tráfego de veículos pesados, que se dirigem principalmente ao Porto de Suape, poderá utilizar o Arco, liberando o tráfego da BR-101 para uma fluidez melhor”, diz o engenheiro de tráfego Cesar Cavalcanti

O Arco Metropolitano é um projeto de construção de uma estrada para ligar Goiana, na Mata Norte ao Cabo de Santo Agostinho. Os detalhes dessa obra serão tema de reportagem na quarta-feira (15)

Sobre a queixa dos motoristas sobre os buracos na pista e no acostamento da BR-101, no trecho entre Igarassu e Jaboatão, a assessoria do Dnit explicou que esse trecho está sob responsabilidade da Secretaria Estadual das Cidades. O secretário-executivo de Mobilidade do estado, Marcelo Bruto, informou que um processo de licitação para escolha de um empresa para fazer a manutenção da BR-101 está em andamento, mas ele não deu uma data para começar o serviço.