Suspeito de integrar quadrilha que fraudou concurso em PE se entrega

Um dos suspeitos de integrar a quadrilha que fraudou as provas do concurso público para agente de trânsito de Ipojuca, no Litoral Sul de Pernambuco, se entregou à polícia. A prisão foi divulgada nesta quinta-feira (23). Ele é o 12º preso na Operação Mercador, que desvendou a fraude, coordenada pela delegada Patrícia Domingos, delegada de Repressão aos Crimes contra a Administração Pública.

De acordo com a polícia, esse último detido aliciava candidatos para vender os gabaritos e os pontos eletrônicos através dos quais a fraude era executada. Ele estava em Fortaleza e se apresentou à Justiça em Ipojuca, no Grande Recife na quarta-feira (22).

“A investigação se conclui com a prisão dele, era o último alvo. Já conseguimos identificar toda a quadrilha e todos os beneficiários. Ele era operador de plataforma e quando ele soube da divulgação das matérias, resolveu se integrar”, explica a delegada.

Na quinta-feira (16), prisões e apreensões foram feitas nas casas dos acusados, no Recife, Olinda, Paulista e Camaragibe, cidades da Região Metropolitana. Foram apreendidos pontos eletrônicos, computadores, celulares e R$ 12 mil. Eles vão responder por fraude de concurso público e formação de quadrilha.

Mesma nota
A investigação partiu do fato de que os 19 primeiros colocados no concurso tiraram a mesma nota – erraram apenas uma questão, a de número 18. E deram para ela a mesma resposta errada, a letra E.

A quadrilha tinha um braço intelectual e outro armado. De acordo com a polícia, o chefe do grupo – Anderson Lima Ribeiro – foi morto a tiros na terça-feira (14). Ele era técnico judiciário e era quem respondia as questões, mas ainda não se sabe se o crime teve relação com a fraude do concurso.

As investigações apontam que o braço intelectual fazia as provas e saía mais cedo, passando o gabarito por um ponto eletrônico no ouvido dos candidatos. A quadrilha também aliciava candidatos e depois cobrava por esse serviço, fazendo ameaças, inclusive. Um agente penitenciário era quem coordenava as cobranças.

O concurso em questão está suspenso — foi realizado em julho do ano passado e organizado pela Comissão de Concursos da Universidade de Pernambuco (Conupe). Os 19 que fraudaram já foram eliminados, mas ainda não se sabe o que vai ocorrer com os demais candidatos aprovados.

Em nota, a Prefeitura de Ipojuca informou que suspendeu desde janeiro o concurso investigado pela Operação Mercador e que encaminhou o pedido para apuração do caso ao Ministério Público. A Conupe informou que está à disposição das autoridades para colaborar nas investigações. A delegada não sabe ainda se o grupo agia em outros concursos ou outros estados.