Na semana passada, a presidente da associação de bancos da Grécia afirmou que bancos gregos tinham um “colchão de liquidez” de € 1 bilhão e que os recursos para depois de segunda-feira (6) dependiam do BCE.
Em uma entrevista à emissora britânica “BBC”, Stathakis afirmou que, mesmo se o BCE mantiver congelada a assistência de liquidez de emergência (ELA, em inglês) em 89 bilhões de euros, os bancos gregos poderiam sustentar “por uns dias mais” o nível atual de transações com restrições.
“Todos esperamos que o BCE tome a decisão óbvia de facilitar o ELA ao sistema bancário grego, definitivamente durante sete ou dez dias enquanto são realizadas as negociações, de modo que o sistema bancário grego tenha certeza e as negociações que devem acontecer possam avançar com fluência”, declarou.
Se o BCE mantiver a assistência de liquidez congelada, o governo grego “voltará a olhar para os números, mas a liquidez está garantida durante vários dias, e junto com um processo de reciclagem que está sendo feito, isto provavelmente poderia se estender”, declarou.
Mas a solução segura é do BCE, é o que é preciso fazer hoje”, acrescentou o ministro da pasta de Economia, Infraestrutura, Marina e Turismo.
Perguntado se o executivo de Alexis Tsipras quer ficar na zona do euro, o ministro garantiu que esta é a intenção.
“Esse foi o lema antes do referendo, queremos continuar no euro, mas queremos um acordo melhor, mais equilibrado, esta é a promessa que fizemos aos eleitores do ‘não’ e isto é o que temos intenção de fazer”, manifestou.
FMI
O Fundo Monetário Internacional (FMI) está monitorando de perto a situação e está “pronto para ajudar a Grécia se solicitado”, afirmou nesta segunda-feira (6), em nota, a diretora-gerente do fundo, Christine Lagarde.
A afirmação vem como uma surpresa, uma vez que a Grécia deixou de pagar, na semana passada, uma parcela de € 1,6 bilhão de euros ao fundo, o que colocou o país em situação de moratória com o fundo.
Os gregos correm contra o tempo para negociar um novo acordo de ajuda com seus credores, depois que a população rejeitou, em referendo realizado no domingo, as exigências dos europeus para liberação de empréstimo ao país. Isso porque os bancos correm o risco de ficar sem dinheiro já nos próximos dias. Além disso, em 20 de julho vence uma parcela de € 3,5 bilhões da dívida do país com o Banco Central Europeu (BCE)
Nesta segunda-feira, o primeiro-ministro grego Alexis Tsipras concordou, em uma conversa por telefone com a chanceler alemã Angela Merkel, que Atenas apresente nesta terça-feira (7), na cúpula europeia, novas propostas do governo grego visando a um acordo com os credores europeus e FMI, afirma um comunicado oficial da Grécia.
O Eurogrupo (reunião informal dos ministros das Finanças da zona do euro), que começará às 11h (8h em Brasília), “debaterá a situação após o referendo na Grécia, realizado ontem. Os ministros esperam novas propostas das autoridades gregas”, disse o comunicado.
O presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, disse no domingo, após a divulgação do resultado da consulta grega que esperava “novas iniciativas” do governo liderado por Alexis Tsipras para voltar à mesa de negociações.
Nesta segunda, Dijsselbloem afirmou que a meta continua a ser a permanência da Grécia como membro da zona do euro, mas reconheceu que estão por ver se esse objetivo ainda pode alcançado, após a vitória do “não” no referendo grego.
“Os gregos querem ficar na zona do euro. Essa é também minha meta. Mas se conseguiremos, vamos ver”, disse Dijsselbloem em sua chegada hoje à reunião em Haia do conselho de ministros da Holanda, em declarações à agência “ANP”.
O também ministro de Finanças da Holanda destacou que a rejeição de 61,3% dos eleitores gregos às últimas propostas dos credores não só não facilita a situação, mas torna mais difícil encontrar uma solução.
Dijsselbloem insistiu que são necessárias “medidas duras” para alcançar uma situação econômica aceitável na Grécia, ao mesmo tempo em que recalcou que “não existe uma solução fácil”.
O Eurogrupo insistiu nesta segunda que a consulta foi convocada “depois de o governo grego se retirar unilateralmente das negociações em andamento com as instituições”, a troika, formada por Comissão Europeia (CE), Banco Central Europeu (BCE) e Fundo Monetário Internacional (FMI).
Estas negociações discutiam o “plano de reformas amplo” que a Grécia teria que pactuar com seus sócios e aplicar como parte das condições associadas ao seu segundo resgate bancário, assinado em 20 de fevereiro, quando foi concedido quatro meses de prorrogação do resgate expirado desde 30 de junho do ano passado.
O Eurogrupo será realizado cinco horas antes da cúpula de chefes de Estado e de governo da zona do euro, convocada também neste domingo após o fechamento das urnas e dos primeiros resultados que mostraram a vitória do “não” no referendo, que ganhou com 61,3% dos votos.
Nesta segunda-feira, os responsáveis do Tesouro e os vice-ministros de Economia e Finanças da zona do euro terão uma conferência telefônica do conhecido como Euro Working Group, o grupo de trabalho que prepara as discussões dos Eurogrupo.
Além disso, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, convocou outra teleconferência com Dijsselbloem; o presidente da CE, Jean-Claude Juncker; o do BCE, Mario Draghi, e com o diretor-gerente do Mecanismo Europeu de Estabilidade, o fundo de resgate permanente, Klaus Regling.
Na tarde desta segunda-feira o Conselho do BCE também se reunirá para tomar uma decisão sobre a assistência de liquidez aos bancos gregos. Além disso, a chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente francês, François Hollande, terão uma reunião em Paris às 16h30 (13h30 em Brasília).