Laudo aponta que obra da Refinaria Abreu e Lima teve sobrepreço de 16%

Laudo aponta que obra da Refinaria Abreu e Lima teve sobrepreço de 16%

Os investigadores da Operação Lava Jato acreditam que as obras da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, podem ter custado 16% a mais do que deveriam. Para eles, parte dos valores do sobrepreço foram usados para repasses a políticos e partidos.

A investigação nos documentos do consórcio, liderado pela construtora Camargo Corrêa, durou cerca de três meses. Os investigadores analisaram extratos, movimentações financeiras e e-mails.

Conforme os documentos, a corrupção nas obras de Abreu e Lima foi cinco vezes maior que em outros contratos investigados na Operação Lava Jato. De acordo com vários delatores e com relatórios da própria Petrobras, em outros casos, o desvio chegava em média a 3% dos contratos.

Apenas no contrato de montagem, construção, fornecimento de suprimentos e aditivos das unidades de coqueamento retardado foram pagos R$ 648 milhões a mais ao consórcio, segundo um laudo que consta no processo. Para chegar a essa conclusão, os investigadores analisaram preços que o consórcio pagava a fornecedores e os valores que revendia à Petrobras. Em alguns casos, o “lucro” do consórcio chega a 1.600%.

Lavagem de dinheiro
Nos documentos apreendidos na Camargo Corrêa, a Polícia Federal encontrou provas de que a construtora depositou R$ 26 milhões para 30 empresas suspeitas de lavagem de dinheiro. Entre elas, estão a Costa Global, empresa de consultoria do ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa e a JD Consultoria, que pertence ao ex-ministro José Dirceu.

Segundo os documentos, a Costa Global recebeu R$ 2,8 milhões da construtora, entre outubro de 2012 e dezembro de 2013. O contrato foi assinado quando Costa ainda era diretor da estatal. Um e-mail apreendido pela investigação mostra um dirigente da construtora Camargo confirmando que pelo menos parte dos pagamentos à empresa partiu do contrato de Abreu e Lima.

Por sua vez, a JD Consultoria recebeu outros R$ 844 mil, entre maio de 2010 e fevereiro de 2012. O laudo aponta que parte dos valores era encaminhado à políticos e partidos.

Outro lado
O Consórcio Nacional Camargo Corrêa esclareceu em nota que não procede a acusação de sobrepreço e que está prestando os esclarecimentos no referido processo legal.

A defesa do ex-ministro José Dirceu afirma que ele foi contratado pela Camargo Corrêa para atuar em Portugal, como a própria construtora reconhece. Todas as informações, como contrato e notas fiscais, já foram encaminhadas à Justiça Federal do Paraná em janeiro.

O advogado de Paulo Roberto Costa disse que o ex-diretor da Petrobras abriu a Costa Global depois de sair da Petrobras e administrou a empresa regularmente. Segundo ele, a defesa ainda não teve acesso aos documentos citados na reportagem e que só poderá se manifestar a respeito quando analisar as provas da investigação.