Grécia: ajuda financeira poderá ser liberada se houver reformas; entenda

Grécia: ajuda financeira poderá ser liberada se houver reformas; entenda

Os líderes da zona do euro alcançaram nesta segunda-feira (12) um acordo para começar a negociar um novo programa de resgate com a Grécia, que impõe ao governo de Alexis Tsipras uma série de duras medidas e representa grandes sacrifícios para a exausta economia do país.

O pacote de emergência, que deve ser encaminhado ao Parlamento grego na quarta-feira (14), prevê desde reforma fiscal, reestruturação e até privatização de empresas – justamente o tipo de medidas de austeridade que os eleitores gregos rejeitaram nas urnas.

Entenda como foi o acordo

O que ficou decidido após horas de negociação entre líderes do Conselho da União Europeia?
Os líderes decidiram, por unanimidade, iniciar negociações com a Grécia com o objetivo de manter o apoio financeiro ao país, permitindo que ss gregos se mantenham na zona do euro

A ajuda é certa?
Não. Os líderes decidiram dar uma chance para a Grécia. Se o governo adotar todas as reformas exigidas pelo Conselho Europeu, a ajuda financeira poderá ser liberada. Eles concordaram apenas em iniciar as conversas.

CRISE DA GRÉCIA

Quais são as exigências dos europeus?
Durante essa reunião dos líderes do Conselho Europeu, foram apresentadas as medidas que deverão ser tomadas pela Grécia para que a ajuda financeira possa ser liberada. Entre as exigências, estão reformas fiscal e no sistema de pensões. A Grécia ainda terá de impor mudanças no seu imposto sobre o comércio e no seu sistema de aposentadorias, além de fortalecer a independência da agência de estatísticas, órgão similar ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Essas medidas ainda precisam ser aprovadas pela Grécia?
Sim. O Parlamento grego precisa avaliar e aprovar as reformas negociadas com os credores europeus. Uma vez aprovado pelos deputados gregos, os Parlamentos nacionais europeus poderão conceder um mandato ao Eurogrupo para iniciar as negociações do resgate. O prazo para essa deliberação vai até quarta-feira (14) à noite.

“Uma vez que isto aconteça, teremos uma reunião do Eurogrupo por telefone, provavelmente na quarta-feira, que será o sinal para os outros Parlamentos (…) na quarta-feira, quinta-feira ou sexta-feira”, afirmou o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem. “Quando fizerem isto, teremos uma decisão mais formal para começar as negociações”, declarou durante reunião desta segunda-feira.

O que acontece se não forem aprovadas pela Grécia?
Seus credores não estarão mais dispostos a liberar, em última instância, dinheiro para o país pagar sua dívida e “manter o país funcionando”. Sem comprometimento com as reformas exigidas, a Grécia corria o risco de ter de sair da zona do euro, e seu futuro seria incerto.

O que acontece se as medidas forem aprovadas pela Grécia?
O dinheiro poderia ser liberado, e a verba evitaria o colapso do sistema bancário grego e um futuro calote de suas dívidas externas.

De quanto os gregos precisam?
De acordo com a proposta preliminar da Europa, a Grécia precisa de 7 bilhões de euros até 20 de julho, quando deve fazer um resgate crucial de títulos junto ao Banco Central Europeu, e de mais 12 bilhões de euros até meados de agosto, quando vence outro pagamento ao BCE.

O que os chefes de estado acharam do acordo?
A chanceler alemã, Angela Merkel, afirmou que vai recomendar “com total convicção” ao Parlamento de seu país que autorize a abertura de negociações com a Grécia sobre um terceiro resgate assim que o Parlamento grego aprovar o pacote inteiro e promulgar as leis iniciais.

Merkel não disse quando isso irá acontecer, mas afirmou que fará um relatório positivo ao comitê parlamentar esta semana. É melhor, segundo ela, não antecipar o fim do recesso parlamentar de verão até que tenham certeza que as leis gregas foram aprovadas, disse ela.

O presidente da França, François Hollande, afirmou que o acordo entre Grécia e as instituições “preserva a soberanía grega”. Ele qualificou o premiê grego Alexis Tsipras como um “valente” por alcançar entendimento.

RESUMO DO CASO
– A Grécia enfrenta uma forte crise econômica por ter gastado mais do que podia.- Essa dívida foi financiada por empréstimos do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do resto da Europa.
– Em 30 de junho, venceu uma parcela de € 1,6 bilhão da dívida com o FMI. Então, o país entrou em “default” (situação de calote), o que pode resultar na sua saída da zona do euro. Essa saída não é automática e, se acontecer, pode demorar. Não existe um mecanismo de “expulsão” de um país da zona do euro.
– Como a crise ficou mais grave, os bancos estão fechados para evitar que os gregos saquem tudo o que têm e quebrem as instituições.
– A Grécia depende de recursos da Europa para manter sua economia funcionando. Os europeus, no entanto, exigem que o país corte gastos e aumente impostos para liberar mais dinheiro. O prazo para renovar essa ajuda também venceu em 30 de junho.
– Em 5 de julho, os gregos foram às urnas para decidir se concordam com as condições europeias para o empréstimo, e decidiram pelo “não”.
– Os líderes europeus se reuniram esta semana para discutir a situação grega e deram um ‘ultimato’ ao governo grego, exigindo uma proposta até dia 9 de julho.
– A Europa pressiona para que a Grécia aceite as condições e fique na zona do euro. Isso porque uma saída pode prejudicar a confiança do mundo na região e na moeda única.
– Para a Grécia, a saída do euro significa retomar o controle sobre sua política monetária (que hoje é “terceirizada” para o BC europeu), o que pode ajudar nas exportações, entre outras coisas, mas também deve fechar o país para a entrada de capital estrangeiro e agravar a crise econômica.