Médicos denunciam falhas em hospital psiquiátrico no Recife

Médicos denunciam falhas em hospital psiquiátrico no Recife

O Hospital Ulysses Pernambucano, mais conhecido como Tamarineira, é a única emergência psiquiátrica de Pernambuco. Localizado no Recife, o hospital atende por mês cerca de 1.500 pacientes, mas vem enfrentando problemas a denúncia de médicos sobre a unidade. Eles afirmam que os funcionários não estão sendo suficientes para realizar atendimentos e há problemas na estrutura do prédio.

O Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe) e o Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe) fizeram uma fiscalização no local. O hospital tem 160 leitos de internamento e todos estão preenchidos. Sempre há lista de espera e os pacientes que não conseguem vagas, muitas vezes, esperam na recepção. Dependendo do caso, ficam amarrados em macas, recebendo, não o atendimento necessário, mas o possível. Os casos mais frequentes são de esquizofrenia, transtorno bipolar e retardo metal grave.

Segundo os médicos, faltam principalmente técnicos de enfermagem. Os vigilantes, que têm a função de fazer a guarda patrimonial, acabam ajudando na contenção dos pacientes mais violentos. Eles fizeram greve para cobrar salários atrasados e o clima de insegurança aumentou.

A psiquiatra Milena França trabalha no hospital há 15 anos e diz que faltam até medicamentos básicos, como Diazepan e Aloperidol. “Infelizmente, a gente não está recebendo os recursos para oferecer uma assistência melhor para os usuários. Faltam remédios básicos, passam períodos em falta e, às vezes, quando chega, a quantidade é pouca”, disse.

Até o sábado (29), 150 profissionais estão reunidos numa jornada pernambucana de psiquiatria. Entre os assuntos discutidos, está a situação da assistência psiquiátrica no estado. O palestrante Bruno Nascimento, que trabalha no Ulysses Pernambucano, falou da lei de 2001, que prevê a substituição do internamento em hospitais psiquiátricos pelo internamento em CAPs (centros de atenção psicossocial) 24h. De acordo com ele, o estado não criou a estrutura pra receber os pacientes. “Hoje, no estado de Pernambuco, CAPs funcionando 24h só existe um, no município do Recife, com seis leitos, que evidentemente não cobre nem a região ao redor do CAPs. Algumas cidades têm CAPs em via de implementação, mas por falta de vontade política ainda sem funcionamento completo ou em subcondições”, explicou o psiquiatra.

Em nota, a direção do Hospital Ulysses Pernambucano reconhece a grande procura na emergência do hospital e afirmou que vem trabalhando com outras unidades da rede de saúde mental para encaminhar os casos de menor complexidade. A nota afirma ainda que a direção está trabalhando para manter o hospital com estoques abastecidos de remédios e que está realizando ações de reparos na estrutura física do prédio.

Sobre a escala de profissionais, a direção esclareceu que vem trabalhando, junto com a Secretaria Estadual de Saúde, no sentido de manter os plantões completos, tanto de profissionais de saúde como de recepcionistas. Eles afirmam que a maior parte das vezes, as faltas ocorrem quando a direção não tem tempo hábil de substituir o profissional que não pôde cumprir o plantão.