ONU pede ‘resposta global’ à crise dos migrantes

ONU pede ‘resposta global’ à crise dos migrantes

A ONU deseja uma “resposta global” à crise dos migrantes na Europa e pediu aos países de todo o mundo que assumam suas responsabilidades.

“Precisamos de uma resposta europeia como parte de uma resposta global”, disse em Genebra o Representante Especial para a Migração e o Desenvolvimento, Peter Sutherland, que sugeriu a organização de uma conferência internacional sobre a questão.

A agência da ONU para os refugiados estima que o número de migrantes viajando pelo Mediterrâneo para a Europa vai atingir 400 mil este ano e pode chegar a pelo menos 450 mil em 2016, informou o Acnur em um apelo emergencial publicado nesta terça-feira (8).

“Em 2015, o Acnur antecipa que aproximadamente 400 mil novas pessoas vão buscar proteção internacional na Europa via Mediterrâneo. Em 2016 esse número pode chegar a 450 mil ou mais”, disse o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, acrescentando que mais de 366 mil pessoas já fizeram essa travessia em 2015.

Reações
A França alertou nesta terça que seria um erro caso a Europa recebesse todos os refugiados procurados por militantes do Estado Islâmico na Síria e Iraque e pediu um plano de ação para garantir que a diversidade do Oriente Médio permaneça, apesar da crise crescente.

“É muito difícil, mas se todos estes refugiados vierem à Europa ou outro lugar, então o Estado Islâmico ganhou o jogo”, disse o ministro das Relações Exteriores da França, Laurent Fabius, à rádio RTL.

Já a Alemanha disse que pode receber meio milhão de refugiados por ano a médio prazo, segundo o vice-chanceler e ministro da Economia, Sigmar Gabriel.

“Acredito que podemos enfrentar um número da ordem de meio milhão (de refugiados por ano) durante vários anos, talvez mais”, disse o líder social-democrata em uma entrevista ao canal público ZDF.

“Mas não podemos aceitar a cada ano um milhão de pessoas e integrá-las sem problema”, completou.

A Alemanha espera receber este ano 800 mil pedidos de asilo, um número quatro vezes maior que em 2014.

Gabriel disse que a Alemanha pode continuar recebendo mais refugiados de outros países europeus. “Somos economicamente um país forte”, afirmou.

A Espanha, por sua vez, disse que aceitará o número de refugiados que lhe for atribuído pela Comissão Europeia. Digo “com toda clareza: a Espanha assumirá o número de refugiados que lhe couber”, segundo as quotas decididas pela Comissão Europeia, declarou o ministro espanhol do Interior, Jorge Fernández Díaz, depois de participar da Conferência Internacional sobre as vítimas de violência étnica e religiosa no Oriente Médio.

Díaz ressaltou a “histórica e tradicional solidariedade espanhola” e disse que “o asilo é um direito” e “os direitos não se negociam”.

Este número, ainda não oficial, se situaria entre 14 mil e 15 mil pessoas. O ministro indicou que o tema será tratado em uma reunião ministerial prevista na próxima semana em Bruxelas.

“E não apenas o número”, disse, insistindo na necessidade de que a “UE estabeleça procedimentos para que os refugiados sejam transferidos aos países de acolhida” e que possam ser recebidos corretamente.

Lembrou que este número se somará aos 17 mil pedidos de asilo que a Espanha estima que totalizará este ano, mais da metade das quais de cidadãos sírios.