Calçadas que são de todo mundo, menos dos pedestres. Carros, mobília e até muretas ocupam um espaço que deveria ser exclusivo de quem está a pé. São cidadãos que, sem alternativa, acabam tendo que se arriscar em ruas e avenidas, correndo perigos óbvios de acidentes. No Recife, segundo a Prefeitura, ações para inibir esse tipo de irregularidade têm sido realizadas para liberar o passeio público de obstáculos e para notificar veículos estacionados em pontos inadequados, mas ainda se concentram na Zona Sul e na área central da Cidade. Para endurecer as penalidades, a gestão municipal espera ver aprovada, até o fim do ano, uma legislação que abra a possibilidade de multa não só para quem comete os abusos, mas para quem os permite. A regra deve valer para estabelecimentos comerciais, na frente dos quais, comumente, sobram problemas para circular.
Basta passar pela avenida Norte para ver exemplos da imobilidade. Não bastasse a ocupação irregular dos fiteiros, é comum a colocação de bancos e mesas no pouco espaço público que resta. Próximo ao acesso ao bairro do Vasco da Gama, por exemplo, é preciso se equilibrar para passar por menos de 70 centímetros de calçada. A maioria prefere se imprensar entre o meio-fio e os ônibus que saem de um ponto de embarque metros antes. “A gente fica subindo e descendo para a pista por causa do aperto. Sem falar nas partes em que o pouco que tem de calçada está quebrado”, critica a professora Danielly de França, de 28 anos. O pedreiro Gutemberg de Paula, 34, costuma passar com um carro de mão por vários pontos da via. A dificuldade é a mesma. “É uma desorganização numa avenida perigosa como essa. Já morreu gente atropelada aqui”, relata.