Novo protocolo em PE muda de 33 para 32 cm medida de microcefalia

Novo protocolo em PE muda de 33 para 32 cm medida de microcefalia

A partir desta quinta-feira (3), só serão considerados como microcéfalos em Pernambuco os bebês que tenham perímetro cefálico igual ou inferior a 32 centímetros — e não mais 33 cm. Em novo protocolo finalizado na quarta-feira (2), o estado decidiu adotar os parâmetros definidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O protocolo também determina que as mães que apresentarem manchas vermelhas pelo corpo (exantema) durante a gestação devem procurar a Secretaria Estadual de Saúde (SES) para que o caso seja notificado.

“Não houve diagnóstico errado. Era preciso, no primeiro momento, pegar tudo e, a partir dali, a gente começar a fazer a triagem. Em alguns desses casos o bebê pode ter a cabeça normal, com 33 cm, e dentro, um cérebro com alterações”, afirmou Luciana Albuquerque, secretária executiva de Vigilância em Saúde/PE. “Antes erámos mais sensíveis, era importante porque era algo desconhecido, não sabíamos com o que estávamos lidando”, reconhece.

Luciana explicou que o limite de 33 cm era usado no estado porque alguns profissionais percebiam alterações tomográficas. Segundo ela, a experiência acumulada gerou o entendimento de que é preciso ser mais específico e atender aos critérios da OMS. “O importante nisso tudo é dizer que vamos garantir todo o atendimento das crianças que já foram notificadas até hoje na nossa rede de referência”, assegurou.

Até o último sábado (28), o Ministério da Saúde confirmou 1.248 casos suspeitos de microcefalia em 13 estados e no Distrito Federal. Pernambuco é o estado brasileiro com maior número de casos suspeitos — até agora, foram 646 notificações. O número já representa crescimento em relação ao último levantamento, divulgado no dia 24 de novembro, em que foram contabilizados 487 casos em PE.

Luciana Albuquerque explicou que, dos 646 casos notificados, apenas 211 atendem esse critério da OMS. “De fato o número é bem maior se comparar com os que cabem entre os critérios da OMS. Mas esse novo protocolo não altera os dados já divulgados. Esses bebês serão acompanhados pela nossa rede, porém os que vamos considerar com microcefalia de agora em diante são os que tem 32 centímetros ou menos. O número de 646 não será descartado porque serão avaliados”, disse. Segundo ela, os bebês com perímetro cefálico de 33 cm não são considerados pela OMS com microcefalia, mas podem apresentar algum problema clínico ou no exame de imagem. Serão descartados os que não apresentarem nenhuma alteração

Ainda de acordo com o documento, as manchas vermelhas no corpo das gestantes não indicam, necessariamente, a condição de microcefalia nos fetos, mas já foi observado em mães de recém-nascidos com a alteração congênita e deve ser considerado como um sinal de alerta para a gestante.

De acordo com o Protocolo Clínico e Epidemiológico de Microcefalia, as notificações serão, a partir de agora, para bebês com perímetro cefálico menor ou igual a 32 cm, no caso de recém-nascidos, e para fetos que apresentem circunferência craniana com dois desvios padrão abaixo da média para a idade gestacional. Anteriormente, a notificação era feita após detecção de crianças recém-nascidas com perímetro cefálico menor ou igual a 33cm.

Novo protocolo de microcefalia em Pernambuco estabelece detalhes sobre atendimento de mães e bebês (Foto: Reprodução)Novo protocolo de microcefalia em Pernambuco estabelece detalhes sobre atendimento de mães e bebês (Foto: Reprodução)

O documento tem o objetivo de estabelecer critérios para detecção e modificação de quadros de microcefalia em fetos e recém- nascidos no Estado de Pernambuco, além de definir fluxo e orientações adequados para o diagnóstico, assistência e vigilância de gestantes e de bebês microcéfalos.

A alteração do padrão de ocorrência dos registros de microcefalia em bebês em Pernambuco nos últimos cinco anos, registrada pelo Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (Sinasc) da SES, foi uma das principais motivações para a criação do documento. De 2011 a 2015, sobretudo entre os meses de agosto e setembro desse ano, o registro de nascimento de bebês microcéfalos apresentou características acima do padrão dos anos anteriores. Para a SES, a ocorrência pode ser justificada por motivos como infecções congênitas transmitidas da mãe para o bebê ou por causas não-infecciosas, transmitidas no primeiro trimestre da gravidez.

Ainda não há informação de que parâmetro o Ministério da Saúde estava utilizando sobre a microcefalia e se outros estados vão aderir ao novo protocolo já considerado em Pernambuco.