Pesquisadores pernambucanos identificaram padrões nas lesões cerebrais causadas em bebês pelo zika. As calcificações no córtex de 23 recém-nascidos com microcefalia associada ao vírus foram registradas em tomografias e ressonâncias magnéticas.
Os exames passaram por avaliação de sete pesquisadores. A avaliação foi publicada na última edição de um dos periódicos científicos mais influentes do mundo, a revista semanal britânica BMJ, com mais de 175 anos.
Antes do zika, as calcificações em cérebro de microcéfalos já haviam sido encontradas quando a malformação foi ocasionada por outros vírus. O trunfo do estudo é perceber o local no qual eles são recorrentes a depender do motivo. “Na microcefalia por citomegalovírus, as calcificações são na parede do ventrículo, por exemplo. Dentro do córtex. No caso do zika, são achados, principalmente, embaixo dele”, detalhou a primeira autora da pesquisa, a neurorradiologista Maria de Fátima Aragão.
A partir dos resultados, os pesquisadores supõem que o período da gestação em que a doença é contraída pela mãe do bebê pode ser uma variável da gravidade da microcefalia no feto. “Todos os analisados nasceram de mulheres que tiveram zika nos primeiros cinco meses de gravidez, com pouquíssimas exceções. E é justamente nesse período que há uma intensa atividade de formação cerebral“, explicou a pesquisadora.
A pesquisa foi realizada retroativamente. Bebês acompanhados na AACD, que já tinham passado por exames de neuroimagem fizeram parte da amostra. As tomografias e ressonâncias de seus primeiros dias foram verificadas. “Tivemos certeza da presença do vírus a partir do teste IGM em seis dos casos. Nos outros, presumimos, porque eliminamos em laboratório todas as outras possibilidades”, finalizou.
Incentivo à Pesquisa
A Facepe está avaliando 53 projetos de pesquisa relacionados aos Zika. Há R$ 3 milhões disponíveis. Os trabalhos se dividem em quatro temas: competência vetorial, estudos epidemiológicos, diagnóstico e plataformas inteligentes. O resultado está prevista para 6 de maio.