Pescadores e marisqueiras da cidade do Paulista, no Grande Recife, protestam na manhã desta segunda-feira (20) contra o lançamento de esgoto no mar da cidade. Eles se reuniram na Colônia de Pescadores do Janga e saíram em passeata pela Avenida Doutor Cláudio José Gueiros Leite. A categoria ainda pretende entrar com uma ação na justiça contra a Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa), responsável pelo saneamento da área.
Procurada a assessoria de comunicação da Compesa informou que vai se pronunciar por meio de nota. Também por nota, a Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) informou que enviará, na tarde desta segunda, uma equipe de fiscalização à área denunciada. Segundo a CPRH, “se constatada infração ambiental, os responsáveis serão punidos, de acordo com a legislação ambiental”.
O protesto dos pescadores começou por volta das 9h e seguiu pelo acostamento da avenida, também conhecida como PE-01. Havia cerca de 100 pessoas na manifestação, que não atrapalhou o trânsito na via. A caminhada durou cerca de meia hora e terminou no dique de onde saem os barcos de pesca, também no Janga.
Os profissionais reclamam que dejetos sanitários estão sendo descartados sem nenhum tratamento, diretamente no mar da cidade. A atitude estaria colocando em risco todo o ecossistema da região. Consequentemente, a pesca também ficou prejudicada. “Isso está ocasionando falta de peixes. Já não tem mais marisco, por exemplo. Os pescadores estão passando por dificuldades porque a área de trabalho deles foi degradada”, protesta Luiz Medeiros, presidente da Colônia de Pescadores do Janga.
Segundo a organização do protesto, peixes que antes eram muito comuns na região, como tainha, boca mole, carapeba e barbudo, estão desaparecendo. O marisco também estaria ameaçado. Os pescadores ainda contam que, atualmente, conseguem pescar apenas 2 quilos por dia. Há dez anos, o rendimento era de 80 a 100 kg/dia.
A colônia de pescadores ainda solicitou o laudo técnico de uma bióloga da Secretaria de Meio Ambiente do Paulista acerca da situação. Segundo a organização, o documento indica que a presença de grande quantidade de partículas em suspensão e gorduras pode provocar o entupimento das brânquias e de outras estruturas do aparelho respiratório de peixes e alguns invertebrados como os mariscos, causando morte por asfixia.