Abbas acusa Israel de desrespeitar regra na Esplanada das Mesquitas

Abbas acusa Israel de desrespeitar regra na Esplanada das Mesquitas

Israel não respeita as regras de administração da Esplanada das Mesquitas de Jerusalém, denunciou nesta quarta-feira (21) o presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, depois de receber na cidade de Ramallah o secretário-feral da ONU, Ban Ki-moon.

Ao mesmo tempo, Ban voltou a insistir na necessidade de que os dirigentes israelenses e palestinos negociem e reafirme “com palavras e atos que são sócios para a paz”.

“Netanyahu comete um erro quando diz que respeita o status quo. Não é correto, é um erro”, afirmou Abbas.

“O status quo do qual falamos é o que foi ratificado novamente em 1967 e que já existia antes, não o que (Ariel) Sharon impôs em 2000”, completou o presidente palestino.

“As contínuas agressões contra a mesquita de Al-Aqsa abrem a porta para um conflito religioso, que, infelizmente já começou. Não queremos isto e alertamos sobre as consequências”, disse Abbas.

Depois do encontro com Abbas, Ban, como havia feito na véspera com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, voltou a defender o diálogo para acabar com a perigosa escalada de violência em Jerusalém, Israel e Cisjordânia.

“Vamos continuar apoiando os esforços necessários com o objetivo de criar as condições para verdadeiras negociações. Mas, em última instância, são os palestinos e os israelenses que devem escolher a paz”, declarou Ban Ki-moon.

“Nosso desafio mais urgente é acabar com a atual onda de violência e impedir mais mortes. A única maneira de acabar com a violência é com um progresso real e visível para uma solução política, incluindo o fim da ocupação”, completou Ban.

“Insisti com os líderes israelenses e palestinos na necessidade urgente de reafirmar, com palavras e atos, que são sócios para a paz”, reafirmou o secretário-geral.

Na terça-feira, durante uma reunião com Ban, Netanyahu negou qualquer responsabilidade na atual crise.

Violência continua
Apesar da visita de Ban, a violência não dá trégua. Uma soldado israelense foi gravemente ferida com uma facada nesta quarta perto da colônia de Adam, leste de Ramallah, na Cisjordânia ocupada, e seu agressor foi abatido, informaram a polícia e o serviços de socorro israelenses.

A soldado foi levada para um hospital, informou a polícia, que também anunciou a detenção de uma segunda pessoa, cúmplice do agressor.

Nesta quarta-feira, soldados israelenses feriram uma palestina de 15 anos, que se aproximava com uma faca da colônia de Yitzhar.

Na terça-feira, quatro palestinos morreram em dois ataques com faca e outro em um ataque com um automóvel. Dois israelenses ficaram feridos.

Desde o início do novo ciclo de violência em 1º de outubro, o balanço de mortos tem 47 palestinos – mais da metade em respostas a uma agressão ou a uma tentativa de ataque -, um árabe-israelense, oito israelenses e um cidadão da Eritreia confundido com um agressor.

Encontro com Netanyahu
Na terça-feira (20), Ban advertiu Netanyahu contra o uso excessivo da força na repressão aos ataques com facas.

Netanyahu respondeu de forma agressiva ao acusar Abbas de mentir e incitar a escalada, unindo-se “ao Estado Islâmico e ao Hamas para afirmar que Israel ameaça a mesquita de Al-Aqsa” situada na Esplanada das Mesquitas de Jerusalém.

A Esplanada, terceiro local sagrado do islã, mas também venerada pelos judeus, é o foco da tensão entre israelenses e palestinos.

Ban defendeu o respeito às regras que vigoram no local há décadas e Netanyahu negou a intenção de modificar tais regras.

A Esplanada é administrada por uma fundação islâmica sob a autoridade da Jordânia, mas o acesso é controlado por Israel.

Os judeus são autorizados a entrar em determinados horários, mas não podem rezar no local.

Os muçulmanos, que a princípio podem orar a qualquer momento, sofrem com frequência as restrições definidas pelas autoridades de Israel.