Após perder o prazo para entrega do plano de mobilidade ao governo federal e ficar impossibilitado de receber recursos da União para execução de obras, a Prefeitura do Recife começou a tentar recuperar o tempo perdido. Na tarde desta terça-feira (17), o prefeito Geraldo Julio anunciou o início de um estudo do fluxo de pessoas na capital pernambucana. A pesquisa é a primeira etapa para a confecção do plano, que deveria estar pronto desde o mês de abril.
À época, para tentar justificar o atraso, a Prefeitura argumentou que a pesquisa não havia sido finalizada pois o estudo de fluxo de pessoas na Região Metropolitana seria realizado pelo Grande Recife Consórcio de Transporte, fato que acabou não acontecendo em tempo hábil. Geraldo Julio garantiu que a pesquisa estará pronta no final de janeiro e que o plano estará concluído no primeiro semestre de 2016.
De acordo com a determinação da Lei Federal 12.587 de 2012, os municípios brasileiros com mais de 20 mil habitantes deviam ter enviado os planos de mobilidade até o dia 30 de abril deste ano, para, assim, poderem pleitear recursos federais na execução de obras.
O estudo será feito através de um questionário eletrônico. A intenção é compreender a rotina do cidadão para melhor formular o Plano Municipal de Mobilidade Urbana. Para o secretário de Planejamento Urbano, Antônio Alexandre, a cidade precisa de um sistema que pense no todo. “A mobilidade não pode mais ser tratada de forma fragmentada e de uma maneira informal”, ressalta.
“O problema da mobilidade tomou conta e os governos começaram a perceber que precisam dar uma resposta à população. Por isso essas tecnologias são importantes”, diz o Secretário de Mobilidade e Controle Urbano, João Braga. Ele acredita também que a pesquisa trará uma sensação reconfortante à populaçãom que espera há muito tempo que algo seja feito.
De acordo com Geraldo Júlio, essa é a primeira vez que uma pesquisa do gênero é feita com a participação das pessoas em um site. “Não tem investimento de contratações, o investimento é a nossa equipe empenhada. A Secretaria de Planejamento Urbano desenvolveu o banco de dados e o software de entrada e a nossa equipe do Instituto Pelópidas que faz a tabulação e organização dos dados. Então os investimentos é a própria equipe da prefeitura fazendo a gestão desse trabalho”, completa o gestor.
Como funciona a pesquisa
Descobrir onde a população reside, trabalha, estuda e como fazem para se deslocar para estes locais é tido como o eixo fundamental da pesquisa. “Eles serão importantes para determinar a rotina de deslocamento. Sair de casa para trabalhar ou estudar corresponde a 80% das viagens realizadas. Com essa coleta de dados, nós vamos sair de uma realidade de zero informação para uma formulação completa de dados”, comenta Sideney Schreiner, secretário executivo de Planejamento Territorial.
Para participar é necessário preencher um formulário pela internet, hospedado dentro do portal da prefeitura, contendo perguntas como o ano de nascimento, CEP, sexo, se possui mobilidade reduzida ou dificuldade de locomoção, se tem filhos – onde estudam e como fazem para ir à instituição de ensino – profissão, onde trabalha – como faz para ir, a frequência e o horário – e quais meios de transporte utiliza.
Ao responder o questionário, o sistema gera automaticamente um código de autenticação, que deve ser anotado e guardado. Ele é a confirmação de participação da pesquisa. Para incentivar a população a fazê-la, a prefeitura elaborou o Projeto de Lei da Informação de Mobilidade. Nele, empresas e instituições de ensino deverão cobrar esse código aos funcionários e alunos, respectivamente.