Cientistas americanos visitam Recife para conhecer casos de microcefalia

Cientistas americanos visitam Recife para conhecer casos de microcefalia

Pesquisadores do Centro de Controle de Doenças (CDC, do inglês Centers for Disease Control and Prevention), dos Estados Unidos, estão no Recife conhecendo o quadro de microcefalia em Pernambuco, nesta terça-feira (1º). Em reunião, a Secretaria de Saúde de Pernambuco apresentou aos americanos os detalhes do trabalho que vem sendo desenvolvido no estado para conter o avanço dos casos da má-formação.

Os cientistas estão sendo acompanhados por integrantes da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e do Ministério da Saúde. A entidade internacional vem sendo informada sobre o andamento das pesquisas dos casos de microcefalia e também do zika vírus no país. Na reunião com os representantes da Secretaria de Saúde, foram apresentados os dados epidemiológicos da microcefalia no estado.

Nos próximos dias, os pesquisadores vão conhecer alguns dos serviços de referência para microcefalia em Pernambuco, e irão se inteirar de todo o processo que vem sendo desenvolvido no estado. A ideia é que tomem ciência de tudo que vem sendo feito pelos especialistas locais, do diagnóstico ao tratamento, passando também pelas investigações para identificação dos motivos do aumento dos casos.

Pernambuco é o estado com mais casos de microcefalia no país, com 646 notificações, o que representa mais da metade de todos os casos registrados no Brasil. De acordo com Secretaria estadual de Saúde, 211 destes casos já atendem aos critérios da Organização Mundial de Saúde (OMS). A definição de como vai funcionar o trabalho em conjunto sobre a microcefalia e o zika vírus deve ocorrer em uma reunião, com data ainda não confirmada.

A secretária executiva de Vigilância em Saúde de Pernambuco, Luciana Albuquerque, explica que o CDC é um dos principais centros de pesquisa do mundo e a experiência deles vai ser importante no avanço dos trabalhos. “Neste momento, em que estamos estudando essa nova situação de saúde que passa o estado [da microcefalia e a relação com o zika vírus] e que está sendo descrita pela primeira vez na literatura médica mundial, a experiência deles conta bastante”, avalia.

A microcefalia é uma condição rara em que o bebê nasce com o crânio do tamanho menor do que o normal. Para crianças que nasceram com nove meses de gravidez, a doença se apresenta quando o perímetro da cabeça é menor do que 33 cm – o esperado é que bebês tenham pelo menos 34 cm.

Na última segunda (30), o Ministério da Saúde apontou que investiga seis casos suspeitos de mortes de crianças por microcefalia provavelmente causadas pelo zika vírus. No último sábado (28), o ministério confirmou a relação entre o zika vírus e os casos de microcefalia na região Nordeste, após a identificação do micro-organismo em amostras de sangue e tecidos do bebê nascido no Ceará que acabou morrendo. A criança apresentava microcefalia e outras malformações congênitas.

De acordo com a pasta, a situação é “inédita na pesquisa científica mundial”, com risco associado aos primeiros três meses de gestação. No dia 11 de novembro, o ministro da saúde, Marcelo Castro, declarou estado de emergência em saúde pública por causa dos casos suspeitos de microcefalia.